Sempre que uma ideia se torna muito difundida na consciência do mundo, seu significado original muda. De fato, quanto mais uma ideia ganha aceitação, mais distante pode ficar de seu sentido, contexto e fonte original. Esse foi o caso do Carma que não é nem mesmo uma ideia, um conceito ou um pensamento, mas, sim, uma Lei Cósmica.
Quanto mais pessoas no mundo aceitam o fato de que essa lei existe, há uma tendência maior para que a própria lei seja deturpada, uma vez que cada pessoa a interpreta através de seu próprio nível de compreensão. Caso se perguntasse a mil pessoas o que é Carma, a tremenda série de respostas seria surpreendente. Mais surpreendente ainda seriam as complexidades associadas à verdadeira essência dessa Lei Universal.
A fim de compreender claramente o que é Carma, podemos traçar seu significado a partir de três fontes básicas e, então, sintetizá-las numa combinação mais significativa do que é, na realidade, a verdadeira essência da Lei do Carma. Primeiro, temos as palavras de Gautama Buda, quando disse há muitos milhares de anos: "Você é aquilo que pensa, tendo se tornado naquilo que pensava." O que ele quis dizer com essa profunda afirmação?
O homem está sempre questionando o que é. Na verdade, de momento a momento, o que ele é, muda. E são essas numerosas mudanças que o fazem perguntar a si mesmo se realmente existe nele alguma coisa imutável. Se um homem "é o que ele pensa" e seus pensamentos mudam de momento a momento e dia-a-dia, então ele também muda! Se um homem pensa "Estou faminto", então é isso que ele é no momento em que pensou. Quando não mais pensa assim, ele não é mais um produto de tal pensamento. Se um homem pensa "Estou cansado", "Eu sou mau", "Eu sou pobre", então ele é todas essas coisas.
Isso acontece porque há uma tendência muito forte para que ele acredite que o que pensa é a verdade. Assim, tendo acreditado nos seus pensamentos a respeito de si mesmo, um indivíduo então se identifica com suas crenças e se torna, na realidade, tudo o que pensa. Se o mesmo tipo de pensamento é perpetuado por muitos anos, ele se torna ainda mais aceitável para a pessoa. Assim, tipos de pensamentos que se prolongam por um determinado caminho levarão uma pessoa a acreditar não apenas que está nesse caminho, mas que é o único caminho que pode ver.
O primeiro princípio da Lei Cármica é baseado no pensamento. Como seria simples mudar nossa vida apenas mudando nossos pensamentos. Mas a verdade é que nenhum pensamento é uma ilha em si mesmo. Um pensamento sempre leva a outro que leva a outro, que leva a outro que finalmente leva o indivíduo em direção a seus pensamentos. Assim, é inevitável que, enquanto os anos passam, ele realmente se torne "tudo que pensava".
É interessante notar que quanto mais o indivíduo atribui a si mesmo uma determinada linha de pensamento, mais introduz em sua vida a espécie de indivíduos cujos próprios pensamentos multiplicam sua ideia original. Assim, ele nunca está sozinho em seu modo de pensar. Pelo contrário, pela tendência a dividir seus pensamentos com os outros, existe sempre um crescente conjunto de idéias na consciência popular que sustenta a ideia do indivíduo sobre quem ele é. Ele vibrará com aqueles que pensam como ele e se afastará assustado daqueles cujas crenças são diferentes.
Toda vez que seus pensamentos a respeito de quem ele é são ameaçados, retrocederá para seu passado procurando justamente aqueles indivíduos cujos pensamentos presentes reforçarão tudo o que ele costumava ser. Essa é uma das maiores fraquezas do homem — sua tendência a evitar superar padrões habituais de pensamento. Mesmo quando o homem está no caminho do crescimento espiritual, ele duvida de si mesmo toda vez que vê, nos outros, pensamentos semelhantes aos que ele próprio costumava ter. Isso acontece porque, quando acreditou muito nesses pensamentos, sentiu ser sua obrigação, seu dever e seu caminho satisfazer seu sentimento de ser necessário e transferi-los para outros. Testando a exatidão de suas próprias idéias, ele tentou convencer os outros de que seus pensamentos eram válidos.